CADERNO 3 - FESTIVAL - TEM ROCK NA FOLIA




CADERNO 3 - 02 DE FEVEREIRO DE 2008

FESTIVAL
TEM ROCK NA FOLIA

Rock no carnaval: o Festival Rock Pé-de-Serra 2, que acontece em Tejuçuoca, promete agradar outros ouvidos

Como alternativa para quem não é muito fã das folias de carnaval, marchinhas ou o eterno mal gosto do mela-mela, o Ceará já tinha o Festival de Jazz e Blues, que acontece em Guaramiranga há nove anos. Quem não tem ouvidos para o axé ou o jazz, ficava meio sem ter saída: ou procurava o sossego de Fortaleza ou fugia para cidades como Jericoacoara. O quadro vem mudando. No interior do Estado, Tejuçuoca (a 142 quilômetros de Fortaleza) é palco para mais um passo em direção à diversidade: acontece hoje e amanhã, isto mesmo, em pleno sábado e o domingo de carnaval, o Festival Rock Pé-de-Serra 2, com oito bandas escolhidas através de um processo seletivo e duas bandas convidadas. Durante a programação, a Casa da Cultura, palco dos shows, também recebe apresentações de cordelistas e duas oficinas a cada dia. Lá vai funcionar um camping, à espera dos visitantes.

Quem realiza o programa é o Projeto Semente das Artes. Em suas atividades regulares, o Projeto desenvolve oficinas sobre música e produção cultural. Em determinado momento a coordenação entendeu que era preciso mais que aulas. “Não adiantava só capacitar, tinha que dar oportunidade de treino”, pontua Jofran Fonteles, um dos coordenadores do Projeto. E então veio o primeiro Festival, em Guaiúba, ano passado, que contou com 16 grupos além de dois convidados. “Mas eram muitas bandas e a parte estrutural exigiu muito da gente”, conta Jofran, que em 2007 era também produtor da secretaria de cultura da cidade. A Associação Cearense de Rock (ACR) também estava ao lado do pessoal do Projeto nessa empreitada.

“Ano passado tivemos essa parceria, eles se colocaram à disposição de receber o material. Esse ano eles estavam mais empenhados no Festival do BNB (o Festival Rock Cordel, que aconteceu entre nove e 26 de janeiro no Centro Cultural), não tiveram uma parceria profunda. As inscrições foram diretamente entregues no Projeto, que funciona basicamente na minha casa. Foi acima do que eu esperava. Eles não têm tradição de carnaval, embora tenham uma estrutura boa de cultura. Foi um trabalho de risco, mas deu tudo certo. A reação da população foi ótima”, conta Jofran.

Conversas e acordes

A escolha por Tejuçuoca foi quase acidental. “Até outubro a Prefeitura de Guaiúba não tinha dado resposta se queria o Festival de novo. Resolvemos procurar outras cidades e o prefeito de lá falou que nos apoiaria”, conta Jofran. Ele explica que lá a festa da carne se limita a carros de som na pequena praça da cidade e que os shows de rock foram bem aceitos. “Em Tejeçuoca, o público deve comparecer porque eles não têm opção nenhuma, lá não tem nem lan-house, nem celular pega”, considera o produtor. Acompanhando um movimento natural entre os festivais independentes , o Rock Pé-de-Serra oferece oficinas - todas ministradas por integrantes da banda Consciência Musical: bateria com Samuka, baixo com Hamilton Jr. (ambos hoje, às 16h), guitarra com Flavinho Souza e teclado com Márcio Poizé. A outra banda convidada é Anestezya, formada por alunos dos workshops.

Dividem-se na programação as bandas Anestezya, 13 Rockdale, Vinil Elétrico, Lavage e The Good Gardem, hoje. Amanhã, é a vez de Consciência Musical, Mafalda Morfina, Relicário, Diffusão e Bonecas da Barra. Bruno Andrade, da banda Lavage anda ansioso com o Festival. “A gente tinha se inscrito ano passado, mas não passamos em um primeiro momento da seleção. Com a desistência de uma banda a gente foi cotado, mas aí já tínhamos planos pro carnaval”, explica o vocalista. Acabaram voltando em março, e se reaproximaram do pessoal do Projeto Semente das Artes. “Nunca tocamos lá. Sei que Tejuçuoca é a terra do bode! Mas acho que vai ser bom. Nos shows que a gente tem feito no interior, o público é mais receptivo e atencioso que na capital”, continua Bruno. Ele tem certeza que “quem for roqueiro vai estar lá”.
Alexandre Oliveira, um dos integrantes do The Good Gardem, banda que nasceu no bairro Bom Jardim e já se projeta por todo o Estado, já com duas demos lançadas, concorda. E ele apresenta os mesmo argumentos que Bruno: a carência de eventos desse tipo em cidades menores, como Guaiúba ou Tejuçuoca (que anualmente, em maio, promove a Tejubode, feira de ovino-caprino cultura). “No interior não existem eventos desse porte. E em Fortaleza, como a visibilidade é maior, não existe tanto espaço. Lá (no interior), gente que não tem muita expressão aqui é tratado como se fosse famoso”, completa. Eles também nunca tocaram na cidade.

Ano que vem, Fortaleza?

Se depender de Jofran Fonteles, Fortaleza deverá receber o festival nos próximos anos. “Vamos continuar fazendo durante o Carnaval, com seletivas, meses antes, como fizemos este ano, com 54 bandas inscritas, daqui e de outros estados. Mas estamos tentando fazer em Fortaleza. Se não der, na região da Aratanha, em Pacatuba ou voltando a Guaiúba, que é mais perto de Fortaleza e de Guaramiranga, um lugar bonito e com uma estrutura completa. Uma pesquisa disse que 35% dos brasileiros não gostam de carnaval. Do mesmo jeito que muita gente de Fortaleza fica na cidade. Tivemos procura de gente de outros estados, mas não tivemos como bancar as passagens”, diz, informando ainda que quem estiver disposto a virar a noite em Tejuçuoca terá que se preparar: em termos de hospedagem, a cidade do Bode irá dispor de um camping, no Centro Inter-Escolar, uma pequena pousada e ainda um hotel-fazenda, há 22 quilômetros da cidade. Tá na chuva...

Semente que brota aos poucos

O Festival do Rock Pé-de-Serra deste ano ainda nem aconteceu, mas Jofran Fonteles, coordenador do Projeto Semente das Artes, já está cheio de planos. Os preparativos, por exemplo, começam mais cedo. Logo depois do carnaval começa produção, com definição do lugar, que provavelmente será Fortaleza (“a gente quer tornar esse um evento com bandas nacionais”, explica Jofran). “Mas vai acontecer sempre no Carnaval”, diz.
Ele conta um pouco da história do Semente. “Tem mais de três anos. A gente faz parcerias com fundações já estabelecidas. Queríamos a nossa própria estrutura, mas ainda não temos condições para isso. Atualmente existe um núcleo nosso no Valdemar Alcântara, no bairro Pio XIX, que trabalha com 30 crianças de 10 a 16 anos, com cursos e oficinas em música e produção. Outro núcleo nosso vai começar a funcionar na Fundação Ana Lima, no Pirambu. Lá serão 120 crianças, de sete a 17 anos”.

Mais informações:

Festival Rock Pé-de-Serra 2 - Hoje e amanhã, em Tejuçuoca, a 142 km de Fortaleza. As oficinas e os shows acontecem na Casa da Cultura, a partir de 16h e prosseguem até por volta de 21h. Contatos: (85) 8719.4478.

PROGRAMAÇÃO
Sábado
Anestezya
13 Rockdale
Vinil Elétrico
Lavage
The Good Gardem

Domingo
Consciência Musical
Mafalda Morfina
Relicário
Diffusão
Bonecas da Barra

OBS: QUEM QUISER VER A MATERIAL DIRETO DO SITE DO JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE, AÍ ESTÁ O LINK:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=508949

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