VIDA SIMPLES: BANCO DE SEMENTES
Os Bancos de Sementes ou tecnicamente, banco de germoplasmas, são locais onde são conservados materiais genéticos de vegetais, de animais e microrganismos. Que são considerados recursos genéticos, que fazem parte da biodiversidade do planeta. Assim, são bens essenciais para as futuras gerações e também as atuais. São as impressão digital, identidade de seres vivos, todas as informações de cada ser, informações biológicas essenciais para os seres humanos e outros animais.
Segundo (ALENCAR, 2019), algumas plantas, no entanto, não possuem sementes que conseguem ficar conservadas por grandes períodos. Por esse motivo, pesquisas e avanços tecnológicos, conseguem hoje conservar sementes e outras formas de tecido e moléculas em ambientes controlados.
Vivemos no país da megadiversidade, contando com cerca de 20% das espécies de seres vivos existentes na Terra. No entanto, expansão dos centros urbanos, aumento da população, práticas de manejo não sustentáveis, causando as mudanças climáticas e ameaças a nossa biodiversidade.
A função de um banco de sementes é armazenar sementes, para que se possa tentar evitar o desaparecimento de algumas culturas. Além disso, os bancos de sementes são opção para pequenos agricultores familiares não estarem reféns de grandes corporações que são produtoras e tem o monopólio de algumas espécies. Garantindo a diversidade e a propagação.
O engenheiro agrônomo Juliano Gomes Pádua, curador do Banco Genético da Embrapa, explica: “Nosso trabalho vai além da preservação das espécies. Nos preocupamos com a diversidade genética que existe dentro de uma espécie. Por exemplo, mesmo no caso do milho, uma espécie largamente cultivada, há risco de perda de diversidade”.
A FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o braço da ONU que lidera os esforços internacionais de erradicação da fome e da insegurança alimentar, em seus dados, informa que atualmente existem em mais de 100 países, 1.750 bancos de sementes instalados.
O maior do mundo está localizado na Noruega, construído para ser um cofre de segurança dos bancos de germoplasma de todo o planeta. Parece um caixa forte subterrâneo, capaz de resistir às explosões nucleares e catástrofes climáticas.
O Banco
Global de Svalbard, com a nobre missão de conservar, uma cópia de segurança de
cada espécie vegetal do planeta, tudo isso a longo prazo. Sob o gelo permanente, onde a temperatura fica em torno
de – 18oC. Sua posicionado geográfica nas montanhas em Svalbard (um
conjunto de ilhas do território ártico norueguês). Lá são guardadas sementes de
mais de 5 mil espécies de plantas apenas, mas pode armazenar de 4,5 milhões de
variedades.
Já o mais antigo e maior banco de sementes de espécies autóctones (formada por árvores originárias de um lugar) está em Portugal Continental, no Banco de Sementes A.L. Belo Correia, do Museu Nacional de História Natural e Ciência de Lisboa, com mais de 1200 espécies e subespécies de plantas.
Nosso país tem o Banco Genético da Embrapa, que é o quinto maior banco de sementes do mundo. Seu patrimônio genético conta com 127.783 amostras de 1.019 tipos de alimentos, além do DNA de animais adaptados às condições climáticas do país.
Outros grandes bancos de germoplasma de referência nos
centros internacionais de pesquisa:
·Centro Internacional de Agricultura
Tropical (CIAT)
·Centro Internacional de Pesquisa
Agrícola nas Áreas Secas (ICARDA)
·Centro Internacional de Melhoramento de
Milho e Trigo (CIMMYT)
·Instituto Internacional de Pesquisa do
Arroz (IRRI)
·Instituto Internacional de Pesquisa de
Cultivos para os Trópicos Semi-Áridos (ICRISAT)
- Triste é saber que alguns bancos de sementes pertencem a grande corporações que colocam em seus arquivos, espécies raras e transformam geneticamente sementes para colocarem no mercado e causarem mau ao mundo.
Com a revolução verde a partir da segunda guerra. Um problema chegou. O cultivo de plantas transgênicas, em larga escala. Que além de causar ameaças a biodiversidade, pode também causar problemas a saúde humana e animal. Até meados de julho de 2005, foram comprovados 72 casos de contaminação de alimentos, rações animais, sementes, espécies nativas e selvagens por OGMs (Organismos Geneticamente Modificados), e 11 casos de liberações ilegais de OGMs, atingindo 27 países. Foram, ainda, verificados 6 casos com efeitos agronômicos negativos. No total, tem-se o relato de 89 casos envolvendo organismos geneticamente modificados. Somente os comprovados e pesquisados, mas o número é bem maior.
Outro estudo do Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA, fizeram uma experiência em ratos e testaram células cancerígenas nesses ratos. Nessas pesquisas, comprovaram que o câncer, se modificado geneticamente, pode ser contagioso. Resultados publicados em 1979 no jornal ‘’The New York Times’’. Já na Universidade Cornell, nos EUA, em pesquisas recentes, mostrou que larvas da borboleta monarca que se alimentam de plantas impregnadas com o pólen de um tipo de milho transgênico morrem em grandes quantidades. Já é considerado um fato preocupante a contaminação genética ocasionada pela disseminação de pólen transgênico.
O Brasil tem a (lei 11.105/05) de Biossegurança que permite a pesquisa e produção de alimentos modificados geneticamente. Mesmo com a permissão da produção de sementes transgênicas no país, é algo polêmico, por causar incertezas e dúvidas nos consumidores e também a crítica de ambientalistas e pesquisadores não favoráveis.
Em nosso país os transgênicos estão diariamente em nossas mesas. Segundo o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), somos a segunda maior produção de transgênicos do mundo, perdendo apenas para os Yanks do Tio Sam. O órgão mostra que, em 2012, cerca de 89% da soja, 76% do milho e 50% do algodão plantados no país eram geneticamente modificados. Muitos países estão adotando este método, patrocinados pelo agronegócio e a indústria dos transgênicos, como forma de aumentar a produção e diminuir seus custos, com a desculpa do de produzir para alimentar o grande números de pessoas no planeta, sendo que 80% da população no planeta tem dificuldades em se alimentar.
SEMENTES CRIOULAS
São aquelas tradicionais, ou seja, que
não possuem restrição para a sua multiplicação, mantidas por tradicionais guardiões
agricultores em todo o mundo. “As sementes crioulas guardam a natureza das
nossas terras. Preservar e multiplicar essas riquezas ancestrais de alto
material genético é o grande desafio dos guardiões de sementes”, afirma a
coordenadora do curso, extensionista Rose Gerber. Essas sementes protegem o
meio ambiente e promovem a soberania alimentar e economia na propriedade
rural, além de preservar a cultura dos povos originários. Para Gilberto Schneider: “As
sementes crioulas são todas as possibilidades que você tem de
multiplicação de qualquer vegetal seja através de grãos, de uma rama, folha,
flor, fruto, da própria raiz, do caule.” Ele ainda complementa: “As sementes crioulas também abrangem toda forma de
reprodução de vida, inclusive dos animais e dos polinizadores,
que são tão importantes para que no futuro a gente possa garantir uma
alimentação saudável, diversificada e de qualidade.”
Na Paraíba, as sementes crioulas são conhecidas como sementes da paixão.
COMO FAZER:
Um banco de sementes ou de germoplasmas é simples, sendo você agricultor
ou não.
Busque sementes crioulas de pessoas que já façam esse tipo de trabalho, assim poderá ter certeza que as sementes não são transgênicas. Seque as sementes no sol.
Formas de armazenamento:
Armazenar em garrafas tipo plásticas ou em tambores de plástico. Usar pimenta do reino moída, cinza ou casca de laranja para evitar que apareçam bicho e mofo.
Nós na Casa Ambiental & Museu Semente das Artes temos nosso banco de semente de duas formas:Garrafas plásticas e vidros: Simples de armazenar e também pode ser guardado em qualquer lugar fresco para não prejudicar as sementes com calor ou umidade.
Prateleira de Gaveta: pegamos uma gaveta grande com pedaços de palets e construímos
pequenas prateleiras para exposição das sementes em vidros de sopinhas. Mas
você pode utilizar o local que deseje, caso queira expor as sementes como
fazemos, para incentivar outras pessoas a terem seu banco de sementes.
Vamos lá, jogar sementes de paz, amor e uma nova ordem no mundo.
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