MISSÃO CABO VERDE 2017
O namoro foi aumentando quando o grupo do movimento
Pachamama que se reunia na sede do Instituto Semente das Artes começou
planejar ações no continente africano.
Em 2016 fizemos reuniões e planejamentos, tanto em
Fortaleza como na Meruoca, onde definimos, em conjunto com Misá, em Cabo Verde,
quando e onde iríamos realizar nossa visita.
Misá é como é conhecida Maria Isabel Alves. Depois
de anos fora de seu país, volta à terra da sua alma, tornou-se numa ativista
cultural das aldeias de Porto Madeira e dos Rabelados em Espinho Branco.
Originária da Praia, teve uma infância cheia de
imaginação proporcionada pelo silêncio da natureza que a tornaram criativa e
com uma dimensão espiritual muito independente.
Até aos 2 anos viveu com a mãe no Paiol, mas a
pedido de uma amiga, foi viver para Porto Madeira, onde "não haviam, nem
televisões nem espelhos, só a natureza", como relembra Misá.
No dia 12 de janeiro de 2017, Portal Vida, Movimento
Pachamama de Fortaleza, Glauciane Oliveira, secretária de assistência social
de Maracanaú e Instituto Semente das Artes partiram para Santiago, capital de
Cabo Verde, na cidade da Praia. Onde ficamos até o dia 26, com a sensação de dever cumprido.
Cabo Verde, oficialmente República
de Cabo Verde, é um país insular localizado num
arquipélago formado por 10 ilhas vulcânicas na região central do Oceano Atlântico. A cerca de 570 quilômetros da costa da África Ocidental, as ilhas cobrem uma área total de pouco mais de 4.000 quilômetros quadrados.
O arquipélago foi ocupado e, conforme a colônia cresceu em importância
entre as principais rotas de navegação entre Europa, Índia e Ausatrália, a população aumentou de forma constante. No
momento da sua independência de Portugal, em 1975, os cabo-verdianos emigraram
para todo o mundo, de tal forma que a população no século XX com mais de meio
milhão de pessoas nas ilhas é igualada pela diáspora cabo-verdiana na Europa, na América e na África.
A economia cabo-verdiana é principalmente focada no crescente turismo e
em investimentos estrangeiros, que se beneficiam do clima quente o ano todo, da
paisagem diversificada e da riqueza cultural, especialmente na música.
Historicamente, o nome "Cabo Verde" tem sido usado para se referir ao
arquipélago e, desde a independência, em 1975, ao país. Em 2013, o governo
local determinou que a designação em português "Cabo Verde" passaria
a ser utilizado para fins oficiais, como na Organização das Nações Unidas (ONU).
Nossa jornada, em nosso planejamento tinha como primeiro foco a comunidade
dos Rabelados. Uma comunidade
religiosa que se encontra principalmente no interior da ilha de Santiago de Cabo Verde. Formaram-se a
partir de grupos que se revoltaram contra as reformas na liturgia da Igreja Católica, introduzidas na década de 1940, e se isolaram do resto
da sociedade, correndo hoje risco de extinção.
Nos anos quarenta
do século XX a Igreja Católica enviou para Cabo Verde alguns padres
para substituir os locais, introduzindo alterações na celebração das missas e
nos costumes religiosos, nomeadamente o ensino da religião.
Alguns grupos da
população rebelaram-se contra essas alterações. Conhecidos em crioulo como Rabelados (rebelados, revoltados), passaram a
exercer as suas antigas tradições na clandestinidade.
Os Rabelados foram
ridicularizados pelo resto da sociedade, denunciados e perseguidos. As
autoridades desterraram-nos para outras ilhas e muitos chegaram a ser detidos.
Obrigada a formar
grupos coesos para sobreviver, a comunidade dos Rabelados refugiou-se
principalmente no interior de Santiago, nas zonas montanhosas de difícil
acesso, nomeadamente nos conselhos do Tarrafal e de Santa Cruz. Nessas condições de
semi-clandestinidade e isolamento foram preservadas as tradições religiosas e
culturais e a independência face à hierarquia católica e ao poder político.
Com isso, Misá,
que já faz um trabalho de fortalecimento e valorização da cultura desse povo,
orientou a comunidade para nossa chegada, onde todo o projeto foi desenvolvido.
Lá fomos recebidos pelas lideranças locais: Tom, e os artistas Tchecho, Sabino e Fito, que mostraram a sede e local de exposição de seus trabalhos.
Nos três primeiros dias que estivemos na comunidade dos Rabelados, tivemos momentos com os moradores: mulheres, crianças e adultos e com isso preparamos as atividades que iríamos realizar nesses primeiros dias. Entre as principais ações realizadas, destacamos: Contação e histórias, Cine Clube Comunitário, Cirandas, Conversas com as griôs, parteiras, erveiras, PERCUSSÃO AMBIENTAL, além de momentos de muitas brincadeiras.
A maior comunidade
de Rabelados vive atualmente em Espinho Branco. As habitações são muito simples e os Rabelados. Dedicam-se principalmente à agricultura, à pesca e
ao artesanato. Os atos religiosos são realizados aos sábados ou domingos.
Nesses dias não trabalham, percorrem grandes distâncias a pé até aos locais de
culto e jejuam até meio da tarde.
Os Rabelados
tendem a desaparecer, à medida que a geração mais velha vai morrendo. Os mais
novos afastam-se das tradições religiosas e já não encontram sentido nas
práticas dos seus antepassados. O chefe da comunidade, Nho Agostinho, morreu em
2006. O atual líder é Moisés Lopes Pereira. A comunidade em Espinho Branco é
composta por cerca de 2000 pessoas.
No ano 2004 foi gravado um CD com os cânticos
religiosos dos Rabelados, que inclui temas tradicionais raramente interpretados
por outros: Cânticos sagrados
de Cabo Verde - A litania dos Rabelados (Abidjan/Quintalvideo).
A pintora Misá também tem trabalhado na divulgação da cultura e tradições da
comunidade, tendo levado pintores Rabelados, como Tchetcho, a participar na
ARCO, Feira Internacional de Arte Contemporânea de Madrid, em Fevereiro de
2007.
Historicamente, os
Rabelados permanecem um símbolo da resistência e espírito de independência do
cabo-verdiano face aos poderes instituídos.
Na volta para a cidade da praia, aproveitamos para conhecer parte da cultura local. Fomos um dia a Cidade Velha que localiza-se no conselho da Ribeira Grande de Santiago, a 15 quilômetros a oeste da Praia, na costa de Cabo Verde. Constitui-se na primeira cidade construída
pelos europeus nos trópicos e na primeira capital do arquipélago de Cabo Verde. Foi primitivamente denominada como Ribeira Grande,
vindo a mudar de nome para evitar ambiguidade com a povoação homónima,
na ilha de Santo Antão.
Tivemos a oportunidade de ver uma banda local tocando em uma novena e fazendo um cortejo. O mais interessante é que o maestro tinha estudado música na Universidade Estadual do Ceará - UECE, e participamos da festa no final.
A 10 de junho de 2009 foi classificada como uma das 7 maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo. Devido à sua história, manifestada
por um valiosos patrimônio arquitetônico, a 26 de junho do
mesmo ano foi classificada pela UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade.
Também visitamos a comunidade de Porto Madeira, onde há a casa de Misá e também diversas esculturas gigantes se confundem com a vegetação local. Lá fizemos brincadeiras e distribuímos brinquedos e livros,
Um dos
encontros mais maravilhosos que tivemos em Cabo Verde foi o encontro com as
batukadeiras Flor Di Rabenta – As Coroadas de Kabu Verde .
Visitamos o bairro de São Pedro onde moram as integrantes do grupo.
Conhecemos suas vidas, o trabalho e fomos brindados com uma apresentação cheia
de alegria e hospitalidade. Sentimos-nos no Ceará, até a molecagem cearense estava
presente. Na oportunidade fizemos o convite para o grupo fazer uma apresentação
na semana seguinte na comunidade dos Rabelados, no encerramento de nossa
participação naquele país.
No dia
marcado, estavam elas, lindas e poderosas, com sua elegância e nobreza. Foi uma
apresentação magnífica, que inspirou o grupo de batukadeiras dos Rabelados a
voltar o grupo e também se apresentar no dia do evento.
Um dos momentos mais marcantes, foi quando estávamos voltando, o grupo alegre e cantante como sempre, fez uma parada e começou a dançar, tocar e cantar dentro de túnel. Casa de espetáculo mais inusitada não vimos. Os carros paravam e fotografavam a apresentação fenomenal das meninas.
Além do batuku, outro gênero musical que conhecemos foi o funaná, que caracteriza-se por ter um andamento variável, de vivace a andante, e um compasso binário. O funaná está intimamente associado ao acordeon, mais precisamente ao acordeon diatônico, conhecido em Cabo Verde por gaita.
Este fato vai influenciar uma série de aspectos
musicais que caracterizam o funaná, como por exemplo, o facto de, na sua forma
mais tradicional, usar apenas escalas diatônicas e não escalas cromáticas. O funaná é bastante semelhante as
guitarradas de Vieira, Solano e outros mestres da guitarra da região Norte do
Brasil e um pouco de carimbo e lambada.
Agradecemos a todos que colaboraram com esse projeto, desde: Misá, Nação Pachamama, Portal Vida, Mãos a Obra, INEC, Centro Cultural Banco do Nordeste, Casa da Cultura de Cabo Verde e Instituto Semente das Artes.

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